ANO B
22 de Fevereiro de 2009
Verde – Ofício do domingo (Semana III do Saltério). Te Deum.
Missa própria, Glória, Credo, pf. dominical.
L 1 Is 43, 18-19. 21-22. 24b-25; Sal 40, 2-3. 4-5. 13-14
L 2 2 Cor 1, 18-22
Ev Mc 2, 1-12
* Proibidas as Missas de defuntos, excepto a exequial.
* Na Diocese de Mindelo (Cabo Verde) – Aniversário da Ordenação episcopal de D. Arlindo Gomes Furtado (2004).
* Nas Dioceses da Guiné-Bissau – Dia do SAHEL.
* II Vésperas do domingo – Compl. dep. II Vésp. dom.
Tema do 7º Domingo do Tempo Comum
A liturgia do 7º Domingo do Tempo Comum convida-nos, uma vez mais, a tomar consciência de que Deus tem um projecto de salvação para os homens e para o mundo. Esse projecto (que em Jesus se torna vivo, palpável, realmente libertador) é um dom de Deus que o homem deve acolher com fé.
A primeira leitura fala-nos de um Deus que, em todos os momentos da história, está ao lado do seu Povo, a fim de o conduzir ao encontro da liberdade e da vida verdadeira. Sugere, no entanto, que o Povo necessita de percorrer um caminho de conversão e de renovação, antes de poder acolher a salvação/libertação que Deus tem para oferecer.
O Evangelho retoma a mesma temática. Diz que, através de Jesus, Deus derrama sobre a humanidade sofredora e prisioneira do pecado a sua bondade, a sua misericórdia, o seu amor. Ao homem resta acolher o dom de Deus, ir ao encontro de Jesus e aderir a essa proposta libertadora que Jesus veio apresentar.
A segunda leitura recomenda àqueles que aderiram à proposta de Jesus que vivam com coerência, com verdade, com sinceridade o seu compromisso, sem recurso a subterfúgios ou a lógicas de oportunidade.
À PROCURA DA PALAVRA
DOMINGO VII DO TEMPO COMUM Ano B
“Levanta-te, toma a tua enxerga e vai para casa.” Mc 2, 11
Mais futuro
É difícil encontrar o lugar justo para o passado. Sem memória não nos podemos dizer pessoas, mas quantas vezes o passado se torna impedimento de futuro? Umas vezes prende-nos como se fosse uma paralisia que não permite andar. Outras, usamo-lo para justificar que tudo fique “na mesma”. Como acolher a sabedoria que uma história de vida sempre traz? Como purificar a memória e ultrapassar os “rótulos” que facilmente são colados a pessoas e situações?
Parecem tão diferentes a criança e o velho quando paramos para os olhar. Um cheio de futuros e outro de passados. Um desejoso de aprender e outro desejoso de lembrar. Mas tão próximos nesta sabedoria de dizer “sim” à vida. Como é enriquecedor quando se encontram e são capazes de se maravilharem juntamente. Como é sábia uma sociedade capaz de amar o passado e de apostar no futuro!
A relação de Deus com o seu Povo baseia-se na experiência da memória. “Shema Isarel” (Lembra-te, Israel) é o princípio da oração diária do crente hebreu. Lembrar a aliança e os sinais de Deus na sua história é convite a maravilhar-se com a fidelidade e a ternura de um Deus que se faz próximo. E é nesse agir na história que Deus se revela, acima de tudo, como um “fazedor de futuros”. Ele gosta de surpreender-nos com o novo, de libertar-nos das repetições vazias, e recusa deixar-se “encerrar” em leis ou fórmulas do passado. Convida-nos a amar o passado sempre que é memória feliz a fortalecer o presente e a potenciar o futuro. Quem, senão Ele, poderia apagar as nossas transgressões e não recordar as nossas faltas?
É impossível entrar mais alguém naquela casa. Mas a persistência de quatro amigos faz com que um paralítico desça pelo tecto até diante de Jesus. Nada diz, nada pede, não se mexe. Toda a iniciativa é de Jesus. Provoca os mais sábios com a palavra do perdão, exclusiva de Deus. Ordena que o paralítico se levante e, tomando a enxerga, volte a sua casa. Rompe com prisões limitadoras do ser humano. Uma visível, outra invisível. Uma que o faz depender de todos, outra que o impede de olhar Deus de cabeça erguida. Uma que gera compaixão, outra que justifica um castigo de Deus. O ser humano é sempre alguém a caminho. Se Deus lhe oferece um novo presente e um futuro, quem tem o direito de lho negar? Também somos capazes de “abrir um buraco no tecto” para levar um amigo ao encontro com Jesus? E como nos especializamos em dizer “levanta-te” a alguém paralisado? Ou ainda não percebemos que Jesus anda a dizê-lo a nós?
P. Vitor Gonçalves
In: Agência Ecclesia