Em Igreja. Na Comunidade.
O Carlos estava a conversar com um senhor, à porta de um café, numa mesa de esplanada, para ocupar o tempo entre as goladas do café e o poisar da chávena.
Ambos sozinhos, isto é, um em cada mesa. Um com uma chávena de café e o outro com um traçadinho.
O segundo, na falta de assunto, puxa algo que se torna sempre interessante. O padre da freguesia. Começa a queixaria.
Sabe, o padre novo. Que tinha mudado isto. Que tinha dito aquilo. Que tinha feito não sei mais o quê que lhe tinham dito. Coisas de mulherio. Lá para as bandas do pinhal de cima. Uma vergonha, sabe.
Até que a certa altura o Carlos lhe perguntou se ele já conhecia o padre.
Poisou a chávena, levantou-se e pediu desculpa.
Peço desculpa por não me ter apresentado.
Como se nada fosse com ele, quando tudo tinha a ver com ele.
Padre Carlos. Muito prazer.
Partiu com um sorriso dentro dos lábios fechados pela pressão dos dentes.
Deixou a chávena vazia sobre a mesa, e o copo de vinho cheio com o seu dono.
O seu a seu dono, contou-me.
Tu já viste que nem se dão ao trabalho de confirmar as suspeitas ou de conhecer os suspeitos?
O que é preciso é dar uma de entendidos para maldizer os padres, seja ou não verdade.
Assuntos de café, ou de quem não tem que fazer, anui.
In: Confessionário dum Padre