Em Igreja. Na Comunidade.
Quinta-feira, 30 de Julho de 2009
Ano Sacerdotal: Pe. Nélio Pita


publicado por Padre às 11:38
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Quarta-feira, 29 de Julho de 2009
A Sagrada Comunhão

Ver: Redemptionis sacramentum (Capítulo IV) em Secretariado Nacional de Liturgia


1. Disposições para receber a sagrada Comunhão

80. A Eucaristia seja apresentada aos fiéis também «como antídoto que nos livra das culpas quotidianas e nos preserva dos pecados mortais» [160], como transparece claramente em diversas partes da Missa. Quanto ao acto penitencial situado no início da Missa, tem por fim dispor a todos para celebrar dignamente os santos mistérios [161]; «carece, contudo, de eficácia do sacramento da Penitência» [162] e, no respeitante à remissão dos pecados graves, não se pode considerar um substituto do sacramento da Penitência. Os pastores de almas dediquem diligente cuidado à instrução catequética, de modo a transmitir aos fiéis a doutrina cristã a este respeito.

81. O costume da Igreja afirma, além disso, a necessidade de que cada um se examine a si mesmo profundamente [163], a fim de que ninguém celebre a Missa nem comungue o Corpo do Senhor com a consciência de estar em pecado grave sem ter feito antes a confissão sacramental, a não ser que não haja uma razão grave e não haja a oportunidade de se confessar; neste caso, lembre-se de que está obrigado a fazer um acto de contrição perfeita que inclui o propósito de se confessar quanto antes [164].

(...)

83. É certamente coisa óptima que todos aqueles que participam numa celebração da Santa Missa e estão nas devidas condições nela recebam a Sagrada Comunhão. Acontece no entanto, por vezes, que os fiéis se aproximam da sagrada mesa em massa e sem o necessário discernimento. É tarefa dos pastores corrigir com prudência e firmeza esse abuso.

84. Ademais, se se celebra a Santa Missa para uma grande multidão ou, por exemplo, nas grandes cidades, é necessário que se esteja atento a fim de que, por ignorância, não acedam à Sagrada Comunhão também os não católicos ou, até, os não cristãos, sem se ter em conta o Magistério da Igreja no âmbito doutrinal e disciplinar. Compete aos pastores advertir os presentes no momento oportuno sobre a verdade e a disciplina a observar rigorosamente.

85. Os ministros católicos administram licitamente os sacramentos só a fiéis católicos, que de igual modo, só de ministros católicos os recebem validamente, salvas as disposições do cânone 844, §§ 2, 3 e 4, e do cânone 861, § 2 [166]. Além disso, as condições estabelecidas pelo cânone 844, § 4, das quais nada pode ser derrogado [167], não podem ser separadas umas das outras; consequentemente, é necessário que sejam todas sempre requeridas simultaneamente.

86. Os fiéis sejam insistentemente incitados a recorrer ao sacramento da Penitência fora da celebração da Missa, sobretudo em horários estabelecidos, de modo que a sua administração se realize com tranquilidade e de forma proveitosa para os mesmos, sem que eles fiquem impedidos de uma participação activa na Missa. Aqueles que se habituaram a comungar todos os dias ou muito frequentemente sejam instruídos no sentido de se aproximarem do sacramento da Penitência com regularidade, segundo as possibilidades de cada qual [168].

87. A Primeira Comunhão das crianças deve ser sempre antecedida da confissão sacramental e da absolvição [169]. Além disso, a Primeira Comunhão deve ser sempre administrada por um Sacerdote e nunca fora da celebração da Missa. Salvo em casos excepcionais, é pouco apropriado administrá-la na Quinta-Feira Santa «na Ceia do Senhor». Escolha-se preferentemente outro dia, como os domingos II-VI da Páscoa ou a solenidade do Corpo e Sangue de Cristo ou os domingos do «Tempo Comum», dado que o domingo é justamente considerado o dia da Eucaristia [170]. Não se aproximem para receber a Eucaristia «as crianças que ainda não tiverem atingido a idade da razão» ou que o pároco «tenha julgado insuficientemente preparadas» [171]. Contudo, quando acontecer que uma criança, de modo excepcional em relação à idade, seja considerada amadurecida para receber o sacramento, não se lhe negue a Primeira Comunhão, desde que esteja suficientemente instruída.


2. A distribuição da Sagrada Comunhão


88. Habitualmente, os fiéis recebem a comunhão sacramental da Eucaristia na própria Missa e no momento prescrito pelo rito da celebração, quer dizer, imediatamente após a Comunhão do Sacerdote celebrante [172]. Compete ao Sacerdote celebrante, eventualmente coadjuvado por outros Sacerdotes ou Diáconos, distribuir a comunhão; e não deve prosseguir a Missa senão depois de terminada a Comunhão dos fiéis. Apenas onde a necessidade o requeira podem os ministros extraordinários ajudar o Sacerdote celebrante, segundo as normas do direito [173].

89. A fim de que, também «por meio de sinais, a Comunhão apareça melhor como participação no Sacrifício que se celebra nesse acto» [174], é preferível que os fiéis a possam receber com hóstias consagradas nessa mesma Missa [175].

90. «Os fiéis comungam de joelhos ou de pé, segundo a determinação da Conferência Episcopal» com o reconhecimento da Sé Apostólica. «Quando, porém, comungam de pé, recomenda-se que, antes de receber o Sacramento, façam a devida reverência, estabelecida pelas mesmas normas» [176].

91. Na distribuição da Sagrada Comunhão deve recordar-se que «os ministros sagrados não podem negar os sacramentos àqueles que oportunamente os pedirem, se estiverem devidamente dispostos e pelo direito não se encontrarem impedidos de os receber» [177]. Portanto, qualquer católico baptizado que não esteja impedido pelo direito deve ser admitido à Sagrada Comunhão. Por isso, não é lícito negar a um fiel a Sagrada Comunhão, pela simples razão, por exemplo, de querer receber a Eucaristia de joelhos ou de pé.

92. Embora todos os fiéis tenham sempre o direito de receber, por opção sua, a Sagrada Comunhão na boca [178], se algum quiser receber o Sacramento na mão, em regiões onde a Conferência Episcopal o tenha permitido, com o reconhecimento da Sé Apostólica, seja-lhe distribuída a sagrada hóstia. Cuide-se com particular atenção que o comungante leve imediatamente a hóstia à boca diante do ministro, de modo que ninguém se afaste levando na mão as espécies eucarísticas. Se houver perigo de profanação, não se distribua a Sagrada Comunhão aos fiéis na mão [179].
 

(...)

95. O fiel leigo «que já tenha recebido a Santíssima Eucaristia, pode recebê-la pela segunda vez no mesmo dia, mas somente dentro da celebração eucarística em que participe, salvo o prescrito no cânone 921 § 2» [182].

(...)


4. A Comunhão sob as duas espécies

100. A fim de manifestar mais perfeitamente aos fiéis a plenitude do sinal no banquete eucarístico, os fiéis leigos são também admitidos à Comunhão sob as duas espécies, nos casos expostos nos livros litúrgicos, desde que com o prévio e incessante acompanhamento da devida catequese acerca dos princípios dogmáticos fixados nesta matéria pelo Concilio Ecuménico de Trento [186].


(...)


103. As normas do Missal Romano admitem o princípio de que, nos casos em que a Comunhão é distribuída sob as duas espécies, «o Sangue do Senhor pode comungar-se bebendo directamente do cálice, ou por intinção, ou por meio de uma cânula, ou por meio de uma colherinha» [191]. Quanto à administração da Comunhão aos fiéis leigos, os Bispos podem excluir a modalidade da Comunhão com a cânula ou com a colherinha, onde não for uso local, continuando sempre vigente a possibilidade de administrar a Comunhão por intinção. Todavia, se se usar esta modalidade, utilizem-se hóstias que não sejam nem demasiado finas nem demasiado pequenas, e que o comungante receba do Sacerdote o Sacramento apenas na boca [192].

104. Não se permita que o comungante meta por si a hóstia no cálice nem que receba na mão a hóstia intinta. Que a hóstia a intingir seja feita de matéria válida e consagrada, estando absolutamente proibido o uso de pão não consagrado ou de outra matéria.

(...)

 

107. Segundo a normativa estabelecida pelos cânones, «quem deitar fora as espécies consagradas ou as subtrair ou retiver para fim sacrílego, incorre em excomunhão latae sententiae reservada à Sé Apostólica; o clérigo pode ainda ser punido com outra pena, sem excluir a demissão do estado clerical» [194]. Neste caso deve considerar-se incluída qualquer acção voluntária e grave de desprezo às sagradas espécies. Portanto, se alguém agir contra as referidas normas, despejando por exemplo, as sagradas espécies no sumidouro da sacristia ou noutro lugar indigno ou no chão, incorre nas penas estabelecidas [195]. Além disso, tenham todos presente que no termo da distribuição da Sagrada Comunhão durante a celebração da Missa se devem observar as prescrições do Missal romano e, sobretudo, que deve ser imediatamente consumido no altar pelo Sacerdote ou, segundo as normas, por outro ministro, tudo o que eventualmente restar do Sangue de Cristo; quanto às hóstias consagradas que sobrarem, devem ser imediatamente consumidas no altar pelo Sacerdote ou levadas para o lugar destinado a guardar a Eucaristia [196].

 



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S. Marta

29  Julho
 

Nota Histórica

Era irmã de Maria e de Lázaro. Quando recebia o Senhor em sua casa de Betânia, servia-O com grande diligência, e com suas orações obteve a ressurreição de seu irmão.


In: Secretariado Nacional de Liturgia

 



publicado por Padre às 18:11
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Oração de Jesus

 

«Pai, chegou a hora!
Manifesta a glória do teu Filho, de modo que o Filho manifeste a tua glória, segundo o poder que lhe deste sobre toda a Humanidade, a fim de que dê a vida eterna a todos os que lhe entregaste.
Esta é a vida eterna: que te conheçam a ti, único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem Tu enviaste.
Eu manifestei a tua glória na Terra, levando a cabo a obra que me deste a realizar.
E agora Tu, ó Pai, manifesta a minha glória junto de ti, aquela glória que Eu tinha junto de ti, antes de o mundo existir.
Dei-te a conhecer aos homens que, do meio do mundo, me deste. Eles eram teus e Tu mos entregaste e têm guardado a tua palavra.
Agora ficaram a saber que tudo quanto me deste vem de ti, pois as palavras que me transmitiste Eu lhas tenho transmitido. Eles receberam-nas e reconheceram verdadeiramente que Eu vim de ti, e creram que Tu me enviaste.
É por eles que Eu rogo. Não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me confiaste, porque são teus.
Tudo o que é meu é teu e o que é teu é meu; e neles se manifesta a minha glória.
Doravante já não estou no mundo, mas eles estão no mundo, e Eu vou para ti.
Pai santo, Tu que a mim te deste, guarda-os em ti, para serem um só, como Nós somos!
Enquanto estava com eles, Eu guardava-os em ti, em ti que a mim te deste.
Guardei-os e nenhum deles se perdeu, a não ser o homem da perdição, cumprindo-se desse modo a Escritura.
Mas agora vou para ti e, ainda no mundo, digo isto para que eles tenham em si a plenitude da minha alegria.
Entreguei-lhes a tua palavra, e o mundo odiou-os, porque eles não são do mundo, como também Eu não sou do mundo.
Não te peço que os retires do mundo, mas que os livres do Maligno. De facto, eles não são do mundo, como também Eu não sou do mundo.
Faz que eles sejam teus inteiramente, por meio da Verdade; a Verdade é a tua palavra.
Assim como Tu me enviaste ao mundo, também Eu os enviei ao mundo,e por eles totalmente me entrego, para que também eles fiquem a ser teus inteiramente, por meio da Verdade.
Não rogo só por eles, mas também por aqueles que hão-de crer em mim, por meio da sua palavra, para que todos sejam um só, como Tu, Pai, estás em mim e Eu em ti; para que assim eles estejam em Nós e o mundo creia que Tu me enviaste.
Eu dei-lhes a glória que Tu me deste, de modo que sejam um, como Nós somos Um.
Eu neles e Tu em mim, para que eles cheguem à perfeição da unidade e assim o mundo reconheça que Tu me enviaste e que os amaste a eles como a mim.
Pai, quero que onde Eu estiver estejam também comigo aqueles que Tu me confiaste, para que contemplem a minha glória, a glória que me deste, por me teres amado antes da criação do mundo.
Pai justo, o mundo não te conheceu, mas Eu conheci-te e estes reconheceram que Tu me enviaste. Eu dei-lhes a conhecer quem Tu és e continuarei a dar-te a conhecer, a fim de que o amor que me tiveste esteja neles e Eu esteja neles também.»
 

Jo 17, 1b-26



publicado por Padre às 07:34
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Segunda-feira, 27 de Julho de 2009
A carroça vazia

Estávamos de férias no sul, numa cabana. Certa manhã, o meu pai convidou-me a dar um passeio pelo bosque e aceitei com alegria, porque sair com ele era grandioso para mim. Partilhava comigo muitas coisas da sua vida: a sua experiência, as suas anedotas de quando ele tinha doze anos, tal como eu agora. De repente, ele deteve-se no meio do bosque e disse-me:

- Guarda silêncio e escuta. Que ouves?

 
Pus os meus ouvidos atentos durante uns segundos e respondi:
- O canto dos pássaros!
 
- E não ouves mais nada? – perguntou-me.
 
Pus mais atenção e disse:
-Sim, ouço o barulho de uma carroça pelo caminho.
 
- Isso mesmo – respondeu-me o meu pai – é uma carroça vazia.
 
Então perguntei-lhe:
- Como sabes que é uma carroça vazia se não a vemos?
 
- É muito fácil saber quando uma carroça está vazia, por causa do barulho. Quanto mais vazia está a carroça maior é o barulho que faz – disse o meu pai.
 
Fiz-me adulto; e até ao dia de hoje quando vejo uma pessoa tagarela, a falar muito alto, prepotente, querendo ser o centro, fazendo notar que sabe tudo, recordo-me do que me ensinou o meu pai:
- Quanto mais vazia está a carroça, maior é o barulho que faz.
 
Pensem nisto...

 



publicado por Padre às 23:56
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Sábado, 25 de Julho de 2009
17º DOMINGO DO TEMPO COMUM

ANO B
26 de Julho de 2009

 

Verde – Ofício do domingo (Semana I do Saltério). Te Deum.
 Missa própria, Glória, Credo, pf. dominical.

L 1 2 Re 4, 42-44; Sal 144, 10-11. 15-16. 17-18
L 2 Ef 4, 1-6
Ev Jo 6, 1-15

* Proibidas as Missas de defuntos, excepto a exequial.
* II Vésperas do domingo – Compl. dep. II Vésp. dom.

Tema do 17º Domingo do Tempo Comum

A liturgia do 17º domingo Comum dá-nos conta da preocupação de Deus em saciar a “fome” de vida dos homens. De forma especial, as leituras deste domingo dizem-nos que Deus conta connosco para repartir o seu “pão” com todos aqueles que têm “fome” de amor, de liberdade, de justiça, de paz, de esperança.
Na primeira leitura, o profeta Eliseu, ao partilhar o pão que lhe foi oferecido com as pessoas que o rodeiam, testemunha a vontade de Deus em saciar a “fome” do mundo; e sugere que Deus vem ao encontro dos necessitados através dos gestos de partilha e de generosidade para com os irmãos que os “profetas” são convidados a realizar.
O Evangelho repete o mesmo tema. Jesus, o Deus que veio ao encontro dos homens, dá conta da “fome” da multidão que O segue e propõe-Se libertá-la da sua situação de miséria e necessidade. Aos discípulos (aqueles que vão continuar até ao fim dos tempos a mesma missão que o Pai lhe confiou), Jesus convida a despirem a lógica do egoísmo e a assumirem uma lógica de partilha, concretizada no serviço simples e humilde em benefício dos irmãos. É esta lógica que permite passar da escravidão à liberdade; é esta lógica que fará nascer um mundo novo.
Na segunda leitura, Paulo lembra aos crentes algumas exigências da vida cristã. Recomenda-lhes, especialmente, a humildade, a mansidão e a paciência: são atitudes que não se coadunam com esquemas de egoísmo, de orgulho, de auto-suficiência, de preconceito em relação aos irmãos.

 

BILHETE DE EVANGELHO.
Jesus não fecha os olhos diante dos homens: não somente vê a multidão, como se apercebe da sua fome. Antes de fazer o milagre, solicita a confiança dos seus apóstolos, esta confiança que Ele põe à prova. Então faz dois gestos: vira-se para Deus seu Pai, dando graças, e distribui o alimento. Que contraste gritante entre esta multidão que tem fome e o alimento que lhe vai ser oferecido, cinco pães e dois peixes. E ao mesmo quanta abundância! Não somente a multidão está saciada, mas sobram doze cestos. É a prodigalidade do Amor: Deus ama infinitamente, e este sinal operado por Jesus anuncia não o poder de um rei, mas o dom de Deus a todos os homens. Não somente Jesus veio para o maior número, mas veio dar a vida em abundância. Este sinal anuncia um outro sinal. Depois de ter comido, a multidão, no dia seguinte, terá ainda fome. Mas o alimento que Cristo ressuscitado oferecerá aos homens será a sua vida, e aqueles que comerem este Pão de Vida jamais terão fome.

 

À ESCUTA DA PALAVRA.
Jesus não cria pães e peixes a partir de nada. Cria a partir dos cinco pães e dois peixes do rapazito. A partir do pão dos pobres! Ao multiplicar os pães e os peixes, Jesus multiplica o dom do rapazito. Mas é ridículo alimentar uma multidão de cinco mil homens com tão pequena quantidade. Mas uma pequena quantidade pode ter um valor infinito. Jesus não olha como nós. O nosso olhar deve ser como o de Jesus. Quando damos amor, amizade, um pouco do nosso tempo ou simplesmente um sorriso, quando procuramos respeitar o outro, sem o julgar, quando fazemos um caminho de perdão… Jesus serve-Se desse pequeno pouco para construir connosco, pacientemente, dia após dia, o seu Reino.

 

PARA A SEMANA QUE SE SEGUE…
Procuremos afastar-nos um pouco da vida frenética e stressante, procuremos ser menos inquietos e mais confiantes… Fiar-se mais no Senhor, dispor-se para responder às diversas missões e confiar tudo isso ao Senhor, para que Ele multiplique…

 

In: ECCLESIA

 


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publicado por Padre às 23:12
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Quinta-feira, 23 de Julho de 2009
A Paz Universal

A velha serpente desdentada e doente deslizou pelo tronco do grande baobá para se estender no chão.

- Ai! Já não tenho forças; os dentes caíram-me e os meus olhos ficaram nublados - gemeu de si para si. - Vou morrer de fome.

De repente lembrou-se que era a astuta serpente da selva e que nunca tinha cedido ante alguma dificuldade. Arrastando-se penosamente por entre as rochas, chegou a um terreiro onde brincavam um macaco, um esquilo e uma hiena. Logo reparou que o macaco se tinha aleijado numa pata e que coxeava choramingando.

- Que se passa contigo, amigo macaco? - perguntou a serpente.

- Esta hiena é uma mal-educada, brinca com tanta violência que quase me partiu as costas com uma patada.

- Bem-feito! - interveio o esquilo. - Olha a mordedura que me deste ontem!

- Que estão para aí a dizer? - interrogou a serpente. - Patadas? Mordeduras? Mas a que mundo vim eu parar?

E fingindo-se profundamente chocada, chamou os outros animais para lhes propor uma coisa que há muito andava a planear:

- Ouçam, se virem bem as coisas, têm de confessar que todas as nossas desabenças são devidas ao excesso de armas que transportamos. Há garras afiadas e dentes aguçados que não condizem com animais que querem viver tranquilos e em bos harmonia. Eu proponho que façam como eu: nada de dentes nem de garras, e vão ver como vivem em paz.

- Assim é que é falar - disse a lesma.

- E como me arranjo eu para tirar a casca das nozes de coco quendo já não tiver nem unhas nem dentes? - perguntou o macaco.

- Esperas que as nozes amadureçam e se abram sozinhas; assim vão ser muito mais saborosas.

- És realmente muito sábia. Eu aceito a proposta. - concluiu o macaco.

A serpente ria murmurando: «Quando estiverem desarmados, já não tenho mais medo de morrer de fome.»

Todos os animais da selva, um a um, foram a casa do velho chimpanzé, veterano da floresta, para que ele lhes tirasse as garras e os dentes. Durante dias e dias não se ouviam senão lamentos e gritos de dor causados pela operação.

Depressa o terror se apossou de todos os animais ao verem que a desarmada e inocente serpente devorava os pobres bichos indefesos e incapazes de se mexerem.

- Ah, ah! - ria a espertalhona -, caíram na esparrela!

E a velha serpente obtinha assim saborosas refeições sem se cansar nada.

- Vil traidora! - gritou o chimpanzé. - É então esta a paz universal que querias ter na selva?

O símio batia no peito cheio de culpa por ter mutilado cruelmente os seus companheiros. De repente lembrou-se de uma erva que tinha o dom de cicratizar as feridas e fazer crescer as unhas e os dentes. Foi à procura dela e encontrou-a...

Algumas semanas mais tarde, quando todos os bichos já tinham recuperado os seus dentes e garras, a perversa serpente teve uma morte atroz, assassinada à pedrada pelos outros animais. O macaco dançava alegremente em volta do cadáver e cantava:

 

Quem se serve de falcatruas

para mudar a sua sorte,

corre-lhe bem no princípio,

mas depois encontra a morte.

 

Por vezes encontramos pessoas que, como a serpente desta fábula do Quénia, falam muito bem e depois não cumprem a sua palavra. Mas no fim o feitiço vira-se contra o feiticeiro e a verdade acaba por vir ao de cima.

 

In: Fábulas Africanas, Editorial ALÉM-MAR

 



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Quarta-feira, 22 de Julho de 2009
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